quarta-feira, 18 de novembro de 2015

"Vou n'aurez pas ma haine"

 Esta carta, escrita por Antoine Leiris, tocou-me cá fundo. É o que defendo, não podemos dar-lhes o prazer de qualquer tipo de vitória. Eles são maus, fundamentam-se num deus que não existe. Deus, seja de que crença for, não é assim, não é!!! Mas sendo isto o que defendo, será que o conseguiria fazer se estivesse no lugar do Antoine? Não sei mesmo.


 
“Vocês não terão o meu ódio

Na noite de sexta-feira vocês acabaram com a vida de um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho mas vocês não terão o meu ódio. Eu não sei quem são e não quero sabê-lo, são almas mortas. Se esse Deus pelo qual vocês matam cegamente nos fez à sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher terá sido uma ferida no seu coração.

Por isso eu não vos darei a prenda de vos odiar. Vocês procuraram-no mas responder ao ódio com a raiva seria ceder à mesma ignorância que vos fez ser quem são. Querem que eu tenha medo, que olhe para os meus concidadãos com um olhar desconfiado, que eu sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam. Vamos continuar a lutar.

Eu vi-a esta manhã. Finalmente, depois de noites e dias de espera. Ela ainda estava tão bela como quando partiu na noite de sexta-feira, tão bela como quando me apaixonei perdidamente por ela há mais de doze anos. Claro que estou devastado pela dor, concedo-vos esta pequena vitória, mas será de curta duração. Eu sei que ela nos vai acompanhar a cada dia e que nos vamos reencontrar no paraíso das almas livres ao qual nunca terão acesso.

Nós somos dois, eu e o meu filho, mas somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Não tenho mais tempo a dar-vos, tenho de ir ter com o Melvil que acordou da sua sesta. Ele só tem 17 meses, vai lanchar como todos os dias, depois vamos brincar como fazemos todos os dias e durante toda a sua vida este rapaz vai fazer-vos a afronta de ser feliz e livre. Porque não, vocês também nunca terão o seu ódio.”